segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A COLUNA "NA GUARITA" RETORNA!

Finalmente, depois de alguns meses, eis que retorno a escrever no Jornal de Rio Pardo.
Abaixo, texto enviado hoje para a edição de 09 de agosto de 2013:

Da finalidade da filosofia
                                                                                         Jaque Plucênio
          Pediram-me para definir melhor filosofia, outro dia. Primeiro pensei: “Quem sou eu, para fazer isso?”; depois disso, analisando melhor a questão, deduzi que, na verdade, a pessoa quer entender o seguinte: “Para que filosofia?”
          Filosofia não tem sinônimos, tem conceitos, infindos. E sobre ela é muito pouco dizer que é uma ferramenta para melhor pensar. Pensar é inerente ao humano, e sempre haverá o tolo e o sábio, mas o que mais existe são os medianos. Filósofos arrogantes dirão que a filosofia não servirá para os tolos ou até mesmo para os de inteligência média. Mas para quem ela servirá, então? Os sábios não a podem detê-la - cometeriam o crime de não distribuí-la -, pois filosofar é ato livre.
          Filosofia é o próprio pensamento, e não possui amarras. A maior diferença entre um pensar qualquer, de senso comum, e o pensar filosófico, racional, é que o primeiro não duvida (é crédulo) e não se preocupa com a verdade, enquanto o segundo põe em dúvida e caça, incessantemente, a verdade, embora muitas vezes só acerte o tiro de raspão.
          Por isso a filosofia tem um momento de nascimento: século VI a.C. Antes disso, tudo era pensado de forma mítica, ou seja, a base do pensamento era puramente religiosa, era o que fundamentava toda causa e, claro, toda consequência de fenômenos da natureza. Hoje, após milhares de anos parindo filhos importantes para o mundo: física, biologia, medicina, astronomia, psicologia, política, ética, matemática, sociologia e etc., a filosofia – a ciência que não é ciência - quer continuar sendo o que ela é: a dúvida e a procura, a libertária do misticismo, a moderadora, a eliminadora do fanatismo, a destruidora da intolerância, a redentora das mentes. Para mim, isso? Claro! Ou para você, também. A filosofia não é o que está estabelecido, não é o que já foi dito, não é o que se determina. Ela é sempre além, porque há sempre algo mais e a verdade não chega nunca. Acomode-se, e qualquer tolice que você chama de verdade poderá engoli-lo rapidinho. Um exemplo: pense no monte de tolices que querem te vender no facebook, como verdade. Se você comprar uma dessas inverdades, é você que está sendo comprado. Filosofar é um ato de se dizer “eu aceito”, ou “eu não aceito” munido da razão. Assim, é preciso cuidado ao curtir e compartilhar coisas que te oferecem com tanta facilidade, mas sem fundamentação, pois essa é uma maneira bem nova de prostituir a tua mente.
          “A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo.”, afirmou Merleau-Ponty. Mas eu conseguiria expor o que cada filósofo diz sobre a filosofia? Não. Porém, não afaste-se nunca da ideia de que filosofar é um pensar racional – que ainda hoje pode salvar uma pobre alma desesperada das inúmeras religiões que vendem um lugar no céu, a apenas quinze minutos do trono de Deus. Boa é essa definição, de Maria Helena Pires Martins e Maria Lúcia de Arruda Aranha: “... a filosofia é a possibilidade de transcendência humana, ou seja, a capacidade de superar a situação dada e não-escolhida. Pela transcendência, a pessoa surge como ser de projeto, capaz de ser livre e de construir o seu destino. O distanciamento é justamente o que provoca a nossa aproximação maior com a vida. (...) A filosofia impede a estagnação.”
          Mais não pode ser dito; quantas páginas eu precisaria? Mas creio que a partir de um começo você já pode seguir adiante e produzir teu próprio filosofar. Pra onde, mesmo, isso leva? Para a vida.



DOR!

Meus amigos, perdão!
Foi a dor que me afastou daqui! Eu mal podia tocar num teclado de computador.
Uma desagradável epicondilite lateral deixou-me prostrada. Uma coisa esquisita que,
com esse nome, nunca havia ouvido falar. Ainda estou em tratamento e, talvez, se a
recuperação não for total, eu tenha de abandonar certas atividades. Morrerei! Joguem
minhas cinzas no mar, droga, se isso acontecer!