Livro de Márcia Tiburi - Porto Alegre: Escritos Editora, 2004, p. 56:
"A melancolia será a marca mais própria do sujeito moderno, diga-se, do sujeito enquanto tal. Mesmo essencial à filosofia e ao estatuto do sujeito do conhecimento, e melancolia poucas vezes será tema (por ser para os filósofos uma doença e, portanto, assunto daqueles, os médicos, que tratam do corpo e não do espírito, esse sim, assunto da filosofia...) ou problema a ser investigado filosoficamente."
Bem lembrado, a autora afirma que "poucas vezes" a Filosofia se ocupará do tema melancolia, certamente porque, mesmo que a melancolia tenha causa no corpo, ela tem consequências no espírito, o que não descarta a responsabilidade da Filosofia. Para mim, a Filosofia não faz escolhas. É o homem filósofo ou "filosofante" que as faz. A Filosofia está em tudo como - para alguns - em tudo está Deus. Se há a dor humana, se há o riso, se há a calma, se há o medo, há a Filosofia em cada movimento corporal do homem, que é reflexo de seus movimentos mentais e/ou espirituais.
"A melancolia seria algo como a sombria tristeza no meio do riso." (p. 63)
Rio, não sem tristeza. Entristeço, não sem um riso ou sorriso. Conheço a melancolia, sei o que faz e traz. Ela vem de mim. Não entrou em mim. Estava aqui, antes de eu abrir os olhos pela primeira vez. O riso disfarça. Me disfarça. Me mantém. É preciso que eu ria de mim mesma e desse mundo. Talvez seja mais ridículo, ainda, ter imaginado que essa era uma receita só minha. Não. Todos os melancólicos soltam um risinho sarcástico, de vez em quando, ou trazem um sorrisinho irônico no canto da boca.
"O melancólico precisa encontrar saídas de um mundo e um eu opressor." (p. 66).
"A única saída para aquele que se acha nada é ser outro." (p. 66).
Isso parece fácil. Será? Somos muitos, mas um só. Sou apenas uma face quando olho no espelho, embora o espelho envelheça e eu também. Entretanto, em mim, aquilo que não vejo, porém percebo, é que tão diversos são os meus eus! E não abro mão deles, quando preciso usá-los como porta de saída rumo ao ser estranho - e ao mesmo tempo familiar - que é meu outro eu. Ligam-se, como neurônios, e retroalimentam-se, mantendo meu corpo com doses daquilo que chamamos vida.
"A melancolia será a marca mais própria do sujeito moderno, diga-se, do sujeito enquanto tal. Mesmo essencial à filosofia e ao estatuto do sujeito do conhecimento, e melancolia poucas vezes será tema (por ser para os filósofos uma doença e, portanto, assunto daqueles, os médicos, que tratam do corpo e não do espírito, esse sim, assunto da filosofia...) ou problema a ser investigado filosoficamente."
Bem lembrado, a autora afirma que "poucas vezes" a Filosofia se ocupará do tema melancolia, certamente porque, mesmo que a melancolia tenha causa no corpo, ela tem consequências no espírito, o que não descarta a responsabilidade da Filosofia. Para mim, a Filosofia não faz escolhas. É o homem filósofo ou "filosofante" que as faz. A Filosofia está em tudo como - para alguns - em tudo está Deus. Se há a dor humana, se há o riso, se há a calma, se há o medo, há a Filosofia em cada movimento corporal do homem, que é reflexo de seus movimentos mentais e/ou espirituais.
"A melancolia seria algo como a sombria tristeza no meio do riso." (p. 63)
Rio, não sem tristeza. Entristeço, não sem um riso ou sorriso. Conheço a melancolia, sei o que faz e traz. Ela vem de mim. Não entrou em mim. Estava aqui, antes de eu abrir os olhos pela primeira vez. O riso disfarça. Me disfarça. Me mantém. É preciso que eu ria de mim mesma e desse mundo. Talvez seja mais ridículo, ainda, ter imaginado que essa era uma receita só minha. Não. Todos os melancólicos soltam um risinho sarcástico, de vez em quando, ou trazem um sorrisinho irônico no canto da boca.
"O melancólico precisa encontrar saídas de um mundo e um eu opressor." (p. 66).
"A única saída para aquele que se acha nada é ser outro." (p. 66).
Isso parece fácil. Será? Somos muitos, mas um só. Sou apenas uma face quando olho no espelho, embora o espelho envelheça e eu também. Entretanto, em mim, aquilo que não vejo, porém percebo, é que tão diversos são os meus eus! E não abro mão deles, quando preciso usá-los como porta de saída rumo ao ser estranho - e ao mesmo tempo familiar - que é meu outro eu. Ligam-se, como neurônios, e retroalimentam-se, mantendo meu corpo com doses daquilo que chamamos vida.