Para quem não sabe, nosso Brasil, democrático, ocidental e emergente, é um país vergonhosamente corrupto e violento. A violência contra as mulheres ocorre desenfreadamente; crianças são estupradas e mortas com requintes de crueldade; jovens de 16 e 17 anos cometem crimes com uma mórbida sensação de prazer; a impunidade assola a justiça; o Legislativo silencia. O que vale são a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Saúde, segurança e educação ficam em último plano. Esse não é o Brasil do turismo, esse é o Brasil do dia-a-dia. Bem-vindos!
A data de hoje marca 1 ano do assassinato de Marcielle, uma menina de 12 anos.
No meu livro Na guarita e outras palavras de gaveta, 2013, Ed. Scortecci, à p. 116, vocês podem encontrar uma poesia que escrevi para essa menina, à época da tragédia.
O GEMIDO DO VENTO
Ouve! Está ouvindo?
Um gemido! É o vento!
É uma canção, um lamento.
É uma dor, é um tormento.
Ouve! As árvores balançam.
As árvores choram deitando
Folhas pela relva. Escuta que
Choram natureza e humanidade.
Vê que não chove e o rio está raso,
Mas as lágrimas não secaram e nem
O sangue de corações partidos findou.
Espera. A menina espera seu descanso.
Espera. A gente espera o fim da noite.
A noite longa que se espalhou na cidade.
Que dor maior e única, sentem a mãe, o pai
E os irmãos! Inigualável dor de silêncio e de
Escuridão! Luz! Luz, luz, luz! Acendam a luz!
Mostrem uma luz, pois que o mal não sobrevive
Sem ser nas sombras. Ah, que triste partir assim!
Ah, que horror daquele que decide quando é o fim!
Nem dono de vida, nem dono de alma, mas demônio
Da morte. Ceguem seus olhos quando a luz lhe tocar
As vazias pupilas de negro terror. Ceguem seus olhos
Quando a verdade tocar a sua fronte tenebrosa, pois
De todo o resto já é cego. Não pode ver com o coração
Já que não o tem. Não pode chorar, nem sofrer, nem
Sentir remorso, pois o que é tal coisa? O nada vira nada.
Ouve! Um sussurro. Não permita que essa noite continue.
Vem, estende a mão aos que aqui estão e acende a luz!
Mostra a face do monstro e alivia um pouco esse sofrer.
Ouve! A menina quer descansar. Não tape os ouvidos,
Não feche os olhos, não fique em silêncio. Por favor,
Acredita. A menina quer descansar. O vento só tem
Chorado e o tempo só tem gemido. Diminui as dores,
Acende a luz, então. Ouve, não fica parado. Acredita,
A menina quer descansar.
A data de hoje marca 1 ano do assassinato de Marcielle, uma menina de 12 anos.
No meu livro Na guarita e outras palavras de gaveta, 2013, Ed. Scortecci, à p. 116, vocês podem encontrar uma poesia que escrevi para essa menina, à época da tragédia.
O GEMIDO DO VENTO
Ouve! Está ouvindo?
Um gemido! É o vento!
É uma canção, um lamento.
É uma dor, é um tormento.
Ouve! As árvores balançam.
As árvores choram deitando
Folhas pela relva. Escuta que
Choram natureza e humanidade.
Vê que não chove e o rio está raso,
Mas as lágrimas não secaram e nem
O sangue de corações partidos findou.
Espera. A menina espera seu descanso.
Espera. A gente espera o fim da noite.
A noite longa que se espalhou na cidade.
Que dor maior e única, sentem a mãe, o pai
E os irmãos! Inigualável dor de silêncio e de
Escuridão! Luz! Luz, luz, luz! Acendam a luz!
Mostrem uma luz, pois que o mal não sobrevive
Sem ser nas sombras. Ah, que triste partir assim!
Ah, que horror daquele que decide quando é o fim!
Nem dono de vida, nem dono de alma, mas demônio
Da morte. Ceguem seus olhos quando a luz lhe tocar
As vazias pupilas de negro terror. Ceguem seus olhos
Quando a verdade tocar a sua fronte tenebrosa, pois
De todo o resto já é cego. Não pode ver com o coração
Já que não o tem. Não pode chorar, nem sofrer, nem
Sentir remorso, pois o que é tal coisa? O nada vira nada.
Ouve! Um sussurro. Não permita que essa noite continue.
Vem, estende a mão aos que aqui estão e acende a luz!
Mostra a face do monstro e alivia um pouco esse sofrer.
Ouve! A menina quer descansar. Não tape os ouvidos,
Não feche os olhos, não fique em silêncio. Por favor,
Acredita. A menina quer descansar. O vento só tem
Chorado e o tempo só tem gemido. Diminui as dores,
Acende a luz, então. Ouve, não fica parado. Acredita,
A menina quer descansar.
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