quinta-feira, 16 de maio de 2013

Prostração

Maldito!
O maldito estava ali, silencioso, com um sorrisinho mal-disfarçado no canto da boca, fingindo que não me via. Eu, em tamanha prostração, pedindo-lhe, implorando-lhe que olhasse por mim. Por mim! E pra onde ele olhava, por quem ele olhava? Maldito, sem braços pra me abraçar, sem sonhos pra me dar, sem lábios pra me beijar! Apenas sua cara cretina de grande senhor, de maioral, de sujeito acima do bem e do mal, esperando calmamente a minha morte chegar. Eu, em minha prostração humilhante, medonha e cruel, tendo de me dar a torcer e esquecer e gemer e sofrer e... Morrer! E ele, tão poderoso, ali, inerte, porque nada poderia e deveria ser feito. Era a sua vontade. Era a minha verdade. Eu, o filho, ele, o pai.

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