Este estudo poderia ser facilitado se, ao invés de Schopenhauer, tivesse sido escolhido o filósofo Martin Heidegger (1889-1976), admirador da obra do poeta alemão Hölderlin, cujos versos inspiraram-lhe estudos e o desejo de unir filosofia e poesia. Mas, que algo novo poderia ser discutido, visto que existem inúmeros tratados da filosofia de Heidegger com a poesia de Hölderlin? No entanto, isso não impede que se faça uso do estudo de poética desse filósofo da II Grande Guerra. Segundo Borges (Donaldo de Assis Borges é docente da Universidade de Franca e do Centro Universitário de Franca - Uni-FACEF) e Souza (Marco Antonio de Souza, docente da Universidade de Franca) (2010, http://www.meuartigo.brasilescola.com/filosofia/a-poetica-heidegger.htm), no artigo A poética de Heidegger, esse considerava que "[..] a verdade como clareira e ocultação do ente, acontece na medida em que se poetiza."Pensamento filosófico e linguagem seriam bastante importantes na trajetória do pensar. Ainda conforme Borges e Souza, entende-se no filósofo estudado que "por isso, a filosofia e a poesia estão tão intrinsecamente relacionadas na linguagem poética de Heidegger." Eles também reforçam que a poética era um dos métodos discursivos para Aristóteles que, bem se sabe, produziu uma obra com o nome A poética (obra escrita entre 335 e 323 a.C.; trata das várias espécies poéticas e, em especial, da tragédia. Para o filósofo grego a poesia era um sistema de imitação da realidade que continha uma verdade em potência, ou seja, sobre uma realidade que poderia vir a ser - ou ser de outro modo -, o que empresta ao discurso poético tanta importância quanto há em uma obra histórica. Além disso, o efeito de catarse da poesia sobre o sujeito afirma o valor da mesma como elemento filosófico.). Os dois afirmam que
Heidegger sabe que não se pode explicar os "sentimentos", mas é possível usando-se linguagem e imagem figuradas para provocar no leitor ou ouvinte um modelo destes sentimentos que assolam a alma poética. A sua linguagem oferece fórmulas representativas e descritivas de uma realidade interna, consegue reproduzir a sua volta, naqueles que o assimilam, uma idéia, às vezes vaga, outras vezes forte das suas próprias emoções.
Heidegger era capaz de perceber linguagem poética no filosofar e vice-versa. E acreditava que isso era possível e interessante como método para alcançar a verdade - ou, no mínimo, para produzir conhecimento. E, provavelmente, em se falando de verdade e conhecimento, se esteja tratando de coisas iguais. Afirmar "eu conheço" é admitir saber a verdade de algo. É um "saber-o-mundo", com certeza. Heidegger foi além. Ele também produziu um tratado sobre a poesia de Georg Trakl. Heidegger (2011, http://www.martin-heidegger.nt/Textos/html/Trakl.html) afirma que "o diálogo do pensar com o poetizar tem a finalidade de evocar a essência da linguagem para que os mortais reaprendam a habitar a linguagem." Também diz que "o poema de um poeta mantém-se não dito." Ora, Heidegger procura o lugar da poesia de Trakl, e sente que esse lugar é a própria terra, no sentido de pátria, lar. Sabe a a alma cantada nos versos deTrakl procura habitar essa terra e nela não ser uma desconhecida. Pelo contrário, é nela que o ser precisa encontrar-se. Quanto a isso, o filósofo Heidegger escreve que "a poesia de Trakl canta o canto da alma, que 'estranho sobre a terra', tem antes de tudo, de alcançar a terra enquanto pátria mais calma do género (sic) que regressa a casa.", acrescentando que "a sua poesia canta o destino do cunho que arrasta o género humano para a sua essência ainda reservada, i.e. (sic), que o salva." Sobre o não dito, ocorre que a poesia deTrakl, obscurecida, não diz o esperado ou entendido, diz outra coisa, acabando por deixar de dizer; mas essa é mais a visão do leitor do que a intenção do poeta. Isso ocorre muito frequentemente com a filosofia.
Canta Trakl (2010, p. 93), em Primavera del alma:
Más oscuras bañan las águas los bellos juegos de los peces./Hora de duelo, silente vista del sol;/un alguien extraño es el alma en la tierra. Espiritual crepuscula/el azul sobre el bosque abatido y suena/insistente una triste campana en la aldea; compaña de paz./Silente florece el mirto sobre los bláncos párpados del muerto.
"[...] un alguien extraño es el alma en la tierra." Alguém estranho é a alma sobre a terra. A alma é um estranho sobre a terra, repetirá Heidegger em seu discurso, para reafirmar o valor da poética na linguagem do pensar. É o homem estranho a si mesmo não só em Schopenhauer, mas também em Trakl.
Heidegger sabe que não se pode explicar os "sentimentos", mas é possível usando-se linguagem e imagem figuradas para provocar no leitor ou ouvinte um modelo destes sentimentos que assolam a alma poética. A sua linguagem oferece fórmulas representativas e descritivas de uma realidade interna, consegue reproduzir a sua volta, naqueles que o assimilam, uma idéia, às vezes vaga, outras vezes forte das suas próprias emoções.
Heidegger era capaz de perceber linguagem poética no filosofar e vice-versa. E acreditava que isso era possível e interessante como método para alcançar a verdade - ou, no mínimo, para produzir conhecimento. E, provavelmente, em se falando de verdade e conhecimento, se esteja tratando de coisas iguais. Afirmar "eu conheço" é admitir saber a verdade de algo. É um "saber-o-mundo", com certeza. Heidegger foi além. Ele também produziu um tratado sobre a poesia de Georg Trakl. Heidegger (2011, http://www.martin-heidegger.nt/Textos/html/Trakl.html) afirma que "o diálogo do pensar com o poetizar tem a finalidade de evocar a essência da linguagem para que os mortais reaprendam a habitar a linguagem." Também diz que "o poema de um poeta mantém-se não dito." Ora, Heidegger procura o lugar da poesia de Trakl, e sente que esse lugar é a própria terra, no sentido de pátria, lar. Sabe a a alma cantada nos versos deTrakl procura habitar essa terra e nela não ser uma desconhecida. Pelo contrário, é nela que o ser precisa encontrar-se. Quanto a isso, o filósofo Heidegger escreve que "a poesia de Trakl canta o canto da alma, que 'estranho sobre a terra', tem antes de tudo, de alcançar a terra enquanto pátria mais calma do género (sic) que regressa a casa.", acrescentando que "a sua poesia canta o destino do cunho que arrasta o género humano para a sua essência ainda reservada, i.e. (sic), que o salva." Sobre o não dito, ocorre que a poesia deTrakl, obscurecida, não diz o esperado ou entendido, diz outra coisa, acabando por deixar de dizer; mas essa é mais a visão do leitor do que a intenção do poeta. Isso ocorre muito frequentemente com a filosofia.
Canta Trakl (2010, p. 93), em Primavera del alma:
Más oscuras bañan las águas los bellos juegos de los peces./Hora de duelo, silente vista del sol;/un alguien extraño es el alma en la tierra. Espiritual crepuscula/el azul sobre el bosque abatido y suena/insistente una triste campana en la aldea; compaña de paz./Silente florece el mirto sobre los bláncos párpados del muerto.
"[...] un alguien extraño es el alma en la tierra." Alguém estranho é a alma sobre a terra. A alma é um estranho sobre a terra, repetirá Heidegger em seu discurso, para reafirmar o valor da poética na linguagem do pensar. É o homem estranho a si mesmo não só em Schopenhauer, mas também em Trakl.