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MUNDOS
Um elevador lento e de ferragens Belle Époque
me leva ao antepenúltimo andar do Céu,
cheio de espelhos baços e de poltronas como o hall
de qualquer um antigo Grande Hotel,
mas deserto, deliciosamente deserto
de jornais falados e outros fantasmas da TV,
pois só se vê, ali, o que ali se vê
e só se escuta mesmo o que está bem perto:
é um mundo nosso, de tocar com os dedos,
não este - onde a gente nunca está, ao certo,
no lugar em que está o próprio corpo
mas noutra parte, sempre do lado de lá!
não, não este mundo - onde um perfil é paralelo ao outro
e onde nenhum olhar jamais encontrará...
(Mário Quintana, poeta brasileiro, em Quintana de bolso - rua dos cataventos e outros poemas, pela LePM, Porto Alegre, 2008, p. 48).
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